Saúde e
Segurança no Trabalho
"A
organização do trabalho exerce sobre o homem uma ação específica, cujo impacto
é o aparelho psíquico. Em certas condições emerge um sofrimento que pode ser
atribuído ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de
esperanças e de desejos e uma organização do trabalho que os
ignora." ( Dejours, 1987).
Esta organização é responsável direta ou indiretamente pelas consequências
penosas ou favoráveis para o funcionamento psíquico do trabalhador. Estudos
realizados a partir da década de 70
demonstram que cada vez mais é comum as experiências de prazer e de
sofrimento no trabalho expressas por meio
de sintomas específicos relacionados ao contexto sócio – profissional e a
própria estrutura de personalidade de cada indivíduo.
O trabalho é de fundamental importância para o
homem perante a sociedade, além de ser o meio de garantir satisfação material
ainda constitui-se na essência do ser humano, no prazer de produzir, modificar,
construir e realizar sonhos, porém estes muitas vezes ficam pelo caminho
acarretando uma série de transtornos psíquico na vida da pessoa.
Cada um reage de forma diferente às situações de dificuldades relacionadas ao
trabalho, muitas chegam á empresa com grandes expectativas, sonhos, projetos em
busca de realização profissional que automaticamente o leva a idealização de satisfação de todas
as suas necessidades pessoais.
Porém, muitas das
organizações estruturadas no modelo de
automatismo não estão interessadas e nem entendem o que isso significa para o
trabalhador, concentradas no seu processo rotineiro, ignoram as expectativas e
arquivam suas ideias e ideais.
Segundo
Freud, a atividade do homem caminha em duas direções: uma é a ausência de
sofrimento e a outra sendo experiência intensa de prazer. Mas o que se vê é uma
relação difícil e conflitante, onde por
um lado é evidenciada a imposição
organizacional e do outro a busca de concretização e realização profissional.
É mais fácil entendermos
como isso acontece se compreendermos o significado
desta relação para o indivíduo que busca colocar em prática suas experiências,
expectativas, seus sonhos, onde o prazer é a satisfação encontrada mediante a
intensidade da descarga psíquica em
relação ao trabalho desenvolvido, através de seus desejos mais profundos,
e o sofrimento sendo sensações
desagradáveis pela não satisfação e
realização das suas necessidades podendo isso afetar seu corpo, além de tudo e
todos a sua volta.
É preciso o consenso entre
ambas as partes, respeitando o trabalho a partir da escolha do indivíduo com uma
adequação das suas necessidades
não ignorando os objetivos propostos pela organização a fim que este se torne prazeroso ao
trabalhador e eficiente à organização do
trabalho. Quando isso se torna impossível de acontecer, o trabalhador através de sua personalidade, sua história de
vida,seus anseios, contido em suas relações e necessidades pessoais, apresenta
um desprazer,caracterizando assim
sofrimento, transformando o trabalho em mero meio de sobrevivência, se tornando
uma obrigação , deixando de ser satisfação e desejo, favorecendo este ao desencadeamento de sinais e sintomas
evidenciados de patologias e transtornos
psíquicos específicos , sendo que quanto maior suas expectativas , e o valor deste trabalho
em sua vida, maior será as consequências psíquicas sofridas por ele.Uma
destas patologias evidenciadas que caracterizam este sofrimento é a
“ansiedade”.
A ansiedade é um sentimento de apreensão
desagradável,vago, acompanhado de sensações físicas, podendo ser esta
considerada normal, onde não necessita de tratamento por ser natural e auto limitada,
e a mais frequente encontrada perante situações como estas, é a anormal que constituem síndromes de
ansiedade, sendo patológicas e necessitando de tratamento específico. Esta
ansiedade generalizada é excessiva
sempre, com motivos injustificáveis e desproporcionais à ansiedade comum.
Muitos sintomas podem ser
observados nesta patologia como: tensão muscular, inquietação, fadiga, falta de
ar, taquicardia, sudorese, tontura, boca seca, micção frequente, diarreia, dificuldade
de dormir, problemas de concentração, irritabilidade e cefaleias.
Na
ansiedade patológica a pessoa permanece tensa, apreensiva, nervosa, inquieta, irritada
por um período superior a 6 meses. Para
auxiliar no tratamento é preciso terapia e tratamento medicamentoso.
É possível prevenir e
lidar com estes acometimentos junto ao trabalhador através de estratégias
defensivas que segundo Dejours, podem permitir ao sujeito uma estabilidade na
luta contra o sofrimento, são mecanismos pelo qual o trabalhador busca
modificar, transformar e minimiza a percepção da realidade que o faz sofrer, é
um processo puramente mental, pois não
se consegue modificar a realidade da pressão patogênica no dia a dia deste
trabalhador geralmente imposta pela organização do trabalho. Estas estratégias
podem ser coletivas e individuais com apoio, pois sozinho o trabalhador não conseguirá,
elas possibilitarão o processo de mobilização subjetiva, através
da fala do trabalhador, com análise da palavra que se constitui mediadora entre
representações psíquicas e a realidade, através da busca constante da dinâmica
que envolve homem - trabalho, por se tratar
de assunto amplo,ainda necessitando de
muito estudo a fim que permita
transformação do seu sofrimento,porém o que vemos são profissionais cada vez
mais sendo acometidos por esta situação em relação a organização do trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Revista
Espaço Acadêmico, nº 97, junho de 2009
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/indextivos
Aspectos
psicodinâmicos da relação homem-trabalho: as contribuições de C. Dejours, Ana Magnólia Bezerra Mendes/Professora
Assistente do Depto de Psicologia da UFPE. Mestre em Psicologia Social e do
Trabalho. UnB/Psicol. cienc.
prof. vol.15 no.1-3 Brasília 1995.
Apostila:
Saúde Mental no Trabalho,W.Educacional Editora e Cursos Ltda.2011,Brasília-DF.