quarta-feira, 23 de maio de 2012

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO SAÚDE - DOENÇA


A competência profissional na área da Enfermagem é fator importante para elevar o nível de saúde da população, o qual depende do alcance do profissional para evitar problemas de saúde ou para resolver os que se apresentam. Faz-se necessário que o enfermeiro conheça sua área de atuação frente a prevenção e os diferentes fatores que determinam as condições de saúde do indivíduo.
O Brasil institui o preceito constitucional que coloca a saúde como direito do cidadão e dever do Estado.
Berlinguer (1996) afirma que "a saúde difere dos outros direitos humanos  pois está contida no direito à vida". Cria obrigações sociais mutáveis, em que tais direitos podem ser ampliados ou reduzidos.
Maria Camilo (1999) considera o processo saúde/doença a partir das determinações econômicas, sociais, prevendo o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde (SUS). O que tem ocorrido é a dificuldade de construir um sistema público eficiente, em decorrência das grandes diferenças sociais e da divergência de interesses dela decorrente. Assim, algumas classes sociais ficam com possibilidades restritas de acesso à saúde. 
A OMS (Organização Mundial da Saúde - 1948) apresenta uma definição de saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência da afecção ou doença.
Nesse sentido, saúde é o resultado da inter-relação entre variáveis determinantes das condições de saúde. A multideterminação e multifatorialidade propiciam uma noção da complexidade que pode haver nos eventos relacionados com a saúde dos indivíduos. Saúde e doença não aparecem como fenômenos estáticos, separados ou dicotômicos, mas são gradientes resultantes da combinação de inúmeros fatores que podem determinar, dependendo dos tipos de combinações, diferentes graus nas condições de saúde dos organismos.
A forma como os serviços de saúde estão organizados, restringem o campo de atuação profissional à nível  predominante nas situações em que os organismos já estejam apresentando "doenças". "O campo profissional parece voltado para apenas uma pequena parte de um objeto de trabalho: a doença. E poderia haver uma atuação dirigida para todos os valores ou níveis das condições de saúde de um organismo ou de uma população, bem como para os determinantes desses níveis ou valores nas condições de saúde". (Rebelatto e Botomé, 1987, p.2)

REVENDO  DEFINIÇÕES  DE PREVENÇÃO
Leavell e Clark (1976) apresentam prevenção como uma categoria geral, dividida em três subcategorias:
# Prevenção primária: Onde a forma de atuação profissional está voltada para a promoção à saúde e a proteção específica;
# Prevenção secundária: Atua no diagnóstico precoce, tratamento adequado da doença e limitação da invalidez;
# Prevenção terciária: Atuação baseada na reabilitação do paciente.
Prevenir implica agir em relação aos determinantes dos problemas e não apenas em relação aos problemas ou suas conseqüências. É algo feito antes que o problema aconteça e para impedí-lo de acontecer.
Rebelatto e Botomé (1981) propuseram sete níveis possíveis de atuação profissional, considerando graus nas condições de saúde.
1 – ATENUAÇÃO: Nesse nível de atuação profissional, o objetivo é atenuar o sofrimento, relacionado a problemas ou danos definitivos produzidos nos organismos. O importante é criar condições para que o organismo viva com a dificuldade existente, tendo o menor sofrimento possível. Significa que não é possível eliminar o problema existente, mas apenas reduzir alguma quantidade do sofrimento relacionado com ele.
2 – COMPENSAÇÃO: Nesse caso, o objetivo é compensar o dano produzido nas condições de saúde, por meio do desenvolvimento de outras capacidades que permitam obter benefícios que "compensam" o dano apresentado pelo organismo.
3 – REABILITAÇÃO: Nele o que importa é reabilitar ou reduzir danos produzidos nas condições de saúde dos organismos, melhorando mais possível o que o organismo pode conseguir realizar. Para o indivíduo com problema, este nível de atuação é satisfatório.
4 – RECUPERAÇÃO: Neste quarto nível de atuação, o objetivo é eliminar ou corrigir danos produzidos na qualidade das condições de saúde dos organismos, para voltar ao nível de saúde do organismo antes do problema aparecer.
5 – PREVENÇÃO: Cujo objetivo é impedir a existência de danos nas características das condições de saúde existentes. Não se trata mais de agir em relação aos problemas, mas sobre a probabilidade de ocorrência desses fatos. É preciso atuar em relação aos fatores que determinam o problema. Significa que o objeto de atuação profissional não é o problema existente e sim a probabilidade de sua ocorrência.
6 – MANUTENÇÃO: O objetivo neste nível não é mais resolver problemas existentes ou prováveis, mas manter as características adequadas nas condições de saúde, preservando e conservando as condições responsáveis pela ocorrência de níveis satisfatórios de saúde.
7 – PROMOÇÃO: O objetivo do exercício profissional neste nível é melhorar as condições de saúde existentes e propor novas tecnologias que garantam melhorias nas condições de saúde.
Parece importante para o profissional enfermeiro rever o referencial que utiliza para referir a concepção de prevenção, como forma de propor novas ações profissionais que possam contribuir para o desenvolvimento de atividades preventivas. Se prevenção for entendida como uma possibilidade de atuação profissional, aumenta a probabilidade de investigar, propor e desenvolver comportamentos específicos a essa forma de atuar, que possam ser "ensinados" nos cursos de graduação em Enfermagem. 
 Os profissionais da saúde precisam estender seus serviços à comunidade, num esforço de atender não apenas seus pacientes que o procuram, mas também todos aqueles que podem estar sob a ação de riscos ambientais, estilo de vida, hereditariedade...

Quanto maior a visibilidade do profissional em relação a esses referenciais, maior a probabilidade de identificar e interferir, de forma mais sistêmica, sobre o fenômeno saúde.
Com um conhecimento de qualidade sobre competências do enfermeiro, aumenta a probabilidade de uma intervenção resultar proveitosa, aumentando a confiança de que um trabalho seja bem sucedido.
Exige também um comportamento diferente dos políticos e dos próprios profissionais com relação ao processo saúde doença, uma vez que a saúde faz parte de um sistema no qual profissionais e indivíduos estão inseridos. As ações de cada indivíduo, em diferentes posições neste sistema, podem garantir melhora significativa nas condições gerais de saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://ucsnews.ucs.br/ccet/deme/emsoares/inipes/atuenfer.html
OMS/GOVERNO FEDERAL
Portal  Coren /Atribuições  do enfermeiro